terça-feira, 1 de maio de 2012

Encontrando a Energia Qi / Ki

Encontrando o Ki

(por Jordan Augusto)

Estabelecer uma boa harmonia com a energia que rege o universo, denominada de “KI“, “CHI“, “PRANA” e etc… significa muito mais do que simplesmente ler a respeito.

Os chineses, há muito tempo, dizem que existe uma força superior que permeia todos os seres do universo. Essa energia é chamada Chi (também referida como Sopro Cósmico, ou a respiração do dragão). Não devemos confundir e dizer que a tradução para Chi é energia. Chi é muito mais que energia. Para compreendermos o conceito de Chi, ou Ki em sua totalidade, precisamos pensar do modo oriental.

Todo ser humano procura uma forma de viver melhor. Sendo assim, o homem desenvolveu ao longo dos séculos formas interessantes de manipular o Ki e suas reverberações no cotidiano de nossas vidas.

A acupuntura, por meio de suas agulhas, manipula o Chi presente no corpo humano. As massagens também atuam desse modo. Mas o mais impressionante, sem sombra de dúvida, é o Chi Kun. É difícil acreditar que um Mestre de Chi Kun possa manipular o Chi humano sem sequer tocar na pessoa. A primeira vez que vemos um Mestre levantar a perna de uma pessoa paralítica, sem encostar-se nela (técnica que pode ser vislumbrada no documentário “China o Império do Centro” – com narração de José Wilker), nos deixa perplexos e pensativos. É com essa mesma técnica que blocos de mármore são partidos, velas apagadas e pessoas derrubadas. O Chi Kun também é conhecido como “A suprema Arte da Manipulação do Chi”. Seu significado é Respiração Benéfica, sendo baseado na Natureza e na postura de animais.

O ser humano é um organismo complexo em que o ciclo vital atua ininterruptamente. Um grande número de órgãos internos trabalha por toda a existência do ser e mantém permanente interação com o meio ambiente.

Podemos exemplificar este pensamento através do processo da respiração, do processo de absorção dos alimentos pelo corpo e pelo processo da circulação sangüínea. Todos estes processos funcionam pelo mecanismo da troca.

Todos os movimentos do corpo humano se baseiam neste principio vital chamado pelos chineses de CHI. Quando o corpo humano cultiva este processo vital, torna-se capaz de se revitalizar e aperfeiçoar cada vez mais sua vida.

Segundo a Ayurveda, o ser humano tem a mente ligada ao corpo através dos três princípios básicos metabólicos existentes nele: Vata, Pitta e Kapha (palavras sânscristas) que podem ser traduzidas como:

Vata – Movimento/ar corporal (energia sutil que governa o movimento biológico). A partir dos elementos Éter e ar é formado Vata.

Pitta – Fogo/calor corporal (manifesta-se como o metabolismo do corpo). A partir dos elementos fogo e água é formado Pitta.

Kapha – água biológica (consolida os elementos do corpo, fornecendo o material para a estrutura física. Mantém a resistência do corpo). A partir dos elementos terra e água é formado Kapha.

Para melhor entendimento gostaria de explicar que, de acordo com a Ayurveda, a constituição humana é formada através da junção de dois dos cinco elementos que se manifestam no corpo humano (éter, ar, fogo, água e terra). No momento em que existe a concepção será determinada a constituição básica de cada individuo em função das permutações e combinações do ar, fogo, e água corporais que se manifestam nos corpos do pai e da mãe.

Vata, Pitta e Kapha são responsáveis pelas funções biológicas, psicológicas e fisiopatológicas do corpo, mente e consciência, e quando em desequilíbrio contribuem de forma importante para vários processos de doenças.

O PRANA é a força vital do Universo. É o princípio de todo o dinamismo, força e movimento. No homem, é desta força vital que é feito o corpo sutil, diferente do físico, mas graças ao qual se realizam todos os fenômenos energéticos do organismo. Regula as relações que se desenvolvem dentro do indivíduo e as que se realizam entre este e o mundo. É o substrato vital, energético, de todas as funções orgânicas e psíquicas. É o elemento dinâmico de toda a espécie de substâncias.

Prana é o princípio sutil da energia atuante no mundo fenomênico. Está mais além da percepção normal do homem, mas como tantas outras coisas que ele não pode perceber, segundo seu funcionamento habitual, faz parte integrante da imensa riqueza e variedade da criação.

O homem extrai PRANA de diversas fontes: do Sol, do Ar, dos Alimentos, etc., embora não seja nenhum dos elementos físicos ou químicos que os compõem. Circula através dos milhares de nadis ou canais sutis que constituem substancialmente o corpo sutil, e se armazena nos diversos chakras ou centros, que por sua vez, são estações especializadas encarregadas da distribuição prânica por todo o organismo psíquico.

O que se veio a chamar de “força nervosa” não é senão uma das manifestações do Prana. A vitalidade de uma pessoa, sua irradiação magnética, sua “personalidade”, são expressões de Prana. A quantidade de Prana que maneja um indivíduo constitui seu verdadeiro capital energético. A sutil fisiologia indiana assinala a existência de cinco “ares vitais” ou vayús principais que também recebem o nome genérico de cinco Pranas vitais.

Prana – Concentra-se no cérebro e move-se para baixo, governando a respiração. Está ligado à inteligência, à sensibilidade, às funções motoras primárias. Penetra no corpo sutil pelo chakra da coroa, situado no alto da cabeça, e pela inspiração do ar passando pelas narinas. É o principal tipo de energia cósmica.

Vyana – Concentra-se no coração. Age no corpo inteiro, governando o sistema circulatório, as articulações e os músculos. É captado do ar inspirado nos pulmões e da energia dos alimentos.

Samana – Concentra-se no intestino delgado; governa o aparelho digestivo e é captado principalmente pela energia vital dos alimentos vivos (sementes, frutas, etc.).

Udhana – Concentra-se na região da garganta e governa a fala, o teor da voz, a força vital, a força de vontade, o esforço, a memória e a exalação de ar. É captado sobretudo da energia que advém do chakra da garganta.

Apana – Concentra-se no baixo ventre, governando a evacuação, a micção, a ejaculação, o fluxo menstrual e o processo do parto. É captada pelos chakras localizados na base da coluna e nos órgãos genitais.

Os mais significativos de todos eles são prana e apana. Em outras palavras, Prana, em seu verdadeiro sentido, como primeiro vayú, é a energia da função absorvente, atrativa, integradora: tira do ambiente a energia de que o indivíduo necessita, principalmente através do ar inalado.

Apana é a força vital de ação propulsora, “expulsiva”, “desintegradora”: expele os elementos que não necessita, que o estorvam. Sua função no aspecto fisiológico se manifesta, principalmente nas excreções: urina, matérias fecais e emissão de sêmen.

Vyana é o ar vital que penetra todo o corpo e faz circular a energia derivada do alimento e da respiração em todo o corpo. Samana é o Prana situado na região gástrica. Sua função é a digestão.

Udana é o Prana situado na garganta e sua função é a deglutição. Um dos ares vitais que penetra o corpo humano, suprindo-o de energia vital. Também situado na cavidade torácica, controla a entrada do ar e dos alimentos. A finalidade imediata da respiração é a união, harmonia ou equilíbrio destas duas energias: Prana e Apana. O ponto que une ou separa ambas as energias ou movimentos é precisamente o kumbhaka (retenção) ou ponto neutro, possuindo tanto o interno como o externo.

 Cada estado de consciência tem seu quadro completo de ritmo de todas as funções. No mudar, por exemplo, o ritmo respiratório, produz-se automaticamente a correspondente mudança das demais funções. O tipo da respiração de uma pessoa alegre caminha sempre junto com a mesma euforia afetiva e a mesma produtividade mental; a pessoa ativa, criadora, mas serena e equilibrada, tem um ritmo respiratório que é próprio dessas qualidades e qualquer pessoa que respire do mesmo modo (basicamente), sentir-se-á igual. Claro está que falamos de uma respiração estável, contínua, convertida em automática e não de uma determinada instância em que se respire de um ou de outro modo.

Segundo o Nei Ching Sou Wen: “Todas as coisas sobre a terra e no cosmos se comunicam com as energias yin e yang (Tai Chi). O ser humano é um pequeno universo, já que o corpo humano é o microcosmo do universo. Há nove palácios no universo e o homem tem nove orifícios (dois ouvidos, duas orelhas, duas narinas, uma boca, a uretra e o ânus); há cinco tons musicais no universo e o homem tem cinco órgãos sólidos responsáveis pelo armazenamento das atividades mentais (fígado, coração, baço, pulmões e rins); há 12 períodos solares no universo e o homem têm 12 canais. O Tai Chi humano corresponde ao Tai Chi do universo, e o chi de todas as coisas se comunica com o universo.” – Sou Wen Capítulo 3.

Os mestres definiam o estudo do chi no homem como a compreensão dos três tesouros: Essência, Energia Corporal e Espírito.

A essência seria a energia vital necessária para a existência do homem, a maioria dos estudos traduz esta essência como Jing. Mas na verdade o Jing é apenas uma parte desta essência vital. Quando estudamos o Nei Ching Sou Wen entendemos que o homem é a representação do cosmos, portanto tudo que há no cosmos há no homem. Assim sendo a essência vital do homem são assim compostas:

Yuan Chi Þ é o chi fonte, isto é, a partícula do “Sopro Primordial” que surgiu logo após a “implosão do Wu Chi”. Este chi é pré-natal, ele existe antes da concepção do homem, esta relacionada com o mundo invisível (Pa Kua do Céu Anterior), ele é necessário para que uma vida se materialize. Após a materialização do homem ele se situa entre os rins, no centro do corpo e circula nos vasos maravilhosos.

Jing Chi Ancestral Þ seria o formador da essência vital, seria representado pelo Tai Chi, é a energia da concepção relacionada com a energia yang do homem (espermatozóide) e a energia yin da mulher (óvulo). Seria a nossa energia ancestral, isto é, todo o conhecimento do homem transmitido em pequenas partículas (código genético) para que a cada geração do homem evolua. Este chi está nos rins e une-se ao Yuan Chi formando o Chi essência ou energia vital que circula nos vasos maravilhosos.

Toda vez que o corpo humano não consegue adquirir energia suficiente para nutrir, proteger e movimentar o corpo a energia vital é utilizada para complementar. Infelizmente, como o homem não vive em harmonia, ele precisa sempre se utilizar deste chi; o que faz com que se desgaste e acabe. Quando o chi vital se exaure o homem morre.

Jing Chi Adquirido Þ o homem tem a capacidade de adquirir chi yin através dos alimentos (Gu Chi) e chi yang através do ar (Kou Chi). Se o homem respeitasse as leis da natureza e compreendesse o chi cósmico, universal e terrestre, essas duas energias seriam o suficiente para mantê-lo vivo por mais de 600 anos. Infelizmente devido à desarmonia que o homem vive com as forças da natureza ele precisa complementar o seu Jing Chi Adquirido com o Chi Vital, o que faz com que seu corpo, mente e espírito envelheça e degenere.

O conceito dos Cinco Elementos, também chamado Cinco Energias ou Cinco Movimentos é utilizado em todas as filosofias chinesas, na Medicina Tradicional Chinesa, na poesia, na pintura, na guerra e no Feng Shui, para citar apenas algumas. Eles devem ser entendidos não apenas como simples elementos da natureza, mas sim, como ciclos inteiros onde certas características predominam e controlam um novo ciclo.

A doutrina dos Cinco Elementos é popularmente suposta a ter sido primeiramente exposta por Tsou Yen entre 350 e 270 a.C. Entretanto, recentes estudos indicam que esse fato não é verdadeiro, pois esse sistema é evidente nas mais primitivas formas da adivinhação Chinesa. Seja como for, existem dois ciclos principais: o ciclo construtivo e o destrutivo. Embora algumas pessoas pensem que existem apenas estes dois ciclos, não devemos esquecer que no relacionamento dos Cinco Elementos, existem 36 ciclos.

No Ciclo Construtivo temos a seguinte geração dos elementos:

Madeira queima, produzindo Fogo, de cujas cinzas se forma a Terra, e dentro dela se condensa o Metal que expulsa de si a Água, da qual brota Madeira. Ou seja: Madeira nutre Fogo, que gera Terra, que engendra Metal, que gera Água, que nutre Madeira.

No Ciclo Destrutivo, cada elemento destrói um ao outro:

A água apaga o Fogo, que funde o Metal, e Metal corta a Madeira, que esgota a Terra, e Terra absorve a Água. Significa que Madeira controla a Terra, Terra controla Água, Água controla Fogo, Fogo controla Metal, Metal controla Madeira.

Os nomes utilizados, ciclos construtivos e destrutivos, não devem ser entendidos em seu significado literal. O termo foi mantido aqui, pelo fato de ser conhecido atualmente por esses termos. Ciclo destrutivo não indica qualquer espécie de destruição.

Existem várias maneiras em que cada elemento gera ou destrói o outro. Por exemplo, Terra destrói Água. Ou seja, Terra absorve a Água destruindo-a. Mas se você jogar Terra na Água, ela irá se sujar. E a Terra represa a Água. Estas são terminologias usadas para demonstrar os ciclos. Naturalmente, existem várias utilizadas, sendo que o importante é o entendimento dos ciclos.

Nas bases dos dois princípios fundamentais, dois secundários, porém complexos, são derivados:

· princípio de controle
· princípio de dissolução.

Madeira destrói Terra.
Metal controla Madeira.
Fogo dissolve Madeira
Metal destrói Madeira.
Fogo controla Metal.
Água dissolve Metal
Fogo destrói Metal.
Água controla Fogo.
Terra dissolve Fogo
Água destrói Fogo.
Terra controla Água.
Madeira dissolve Água
Terra destrói Água.
Madeira controla Terra.
Metal dissolve Terra.

Em adição a estes princípios, existe um terceiro, conhecido como ordem “disfarçada”. São as seguintes:

Fogo disfarça Madeira
Água disfarça Metal
Terra disfarça Fogo
Madeira disfarça Água
Metal disfarça Terra

Ordem de Origem: Água, Fogo, Madeira, Metal, Terra
Ordem de Produção: Madeira, Fogo, Terra, Metal, Água
Ordem de Destruição: Madeira, Terra, Água, Fogo, Metal
Ordem “Moderna”: Metal, Madeira, Água, Fogo, Terra

Desta forma, o ser humano vive num constante ciclo de construção e destruição. Sendo assim, deve aprender a se harmonizar com o ki existente em cada situação.

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